O início nas trilhas: uma paixão que cresce com o tempo

O início nas trilhas: uma paixão que cresce com o tempo

O desejo e a paixão pelas trilhas não surgem de repente. Muitas vezes, nascem de um simples convite — geralmente feito por um amigo ou amiga dos treinos habituais no asfalto, parques ou ruas da cidade. À primeira vista, parece uma proposta inofensiva: um treino tranquilo em meio à natureza. Algo que você, acostumado ao seu bom condicionamento e pace médio, acredita que tirará de letra.

Normalmente, o convite é para uma distância entre 13 e 15 km. Parece pouco, você pensa. Em uma hora e meia, no máximo, estará de volta — com tempo de sobra para o restante do dia. O que você ainda não sabe é que aquele amigo está sendo gentil. Ele ou ela já sabe que seu pace no asfalto pouco importa nas trilhas. E que essa distância, quando percorrida em terrenos técnicos, cheios de obstáculos, subidas e descidas, representa um desafio completamente diferente — e muito mais intenso.

Aqui mora o primeiro grande segredo da corrida em trilha: o que realmente conta é o esforço. Você está pronto para encarar 13 ou 15 km com 500 metros de desnível acumulado? Para corredores experientes, pode ser só mais uma manhã agradável. Mas para quem nunca saiu do asfalto, ou só correu por estradas de terra e praias, é o começo de uma nova e surpreendente realidade.

Logo nos primeiros quilômetros, tudo parece se multiplicar: a distância, o tempo, o desgaste. O terreno irregular exige constante adaptação do ritmo, e as subidas parecem não ter fim. Mas aí, algo mágico acontece. O ar puro, o contato direto com a natureza, as vistas deslumbrantes do alto, o som da água correndo nas cachoeiras — tudo isso transforma o esforço em prazer.

Você termina o treino com o corpo moído, mas a alma leve. A sensação é de ter vivido um fim de semana inteiro em poucas horas. E na mente fica uma certeza: “quero voltar”. Junto dela, vem a consciência de que é preciso se preparar melhor. Condicionar o corpo, sim, mas também mergulhar de verdade nesse novo estilo de vida.

Buscar grupos de trilheiros experientes, trocar experiências, ajustar seus treinos de força pensando nas exigências da montanha — tudo isso passa a fazer parte da rotina. A corrida em trilha exige presença total. Concentração no momento. Uma conexão profunda entre o que acontece dentro de você e o que está ao redor — mesmo com pausas para um lanche ou para simplesmente admirar a paisagem. E acredite: essas pausas virão, naturalmente. E você vai curtir cada uma.

Por fim, um aviso importante: a motivação para treinar no asfalto agora tem um novo sentido — preparar-se para a próxima montanha.

Sergio Mazza

Profissional de Educação Física, atleta em atividade e amante de esportes. Mais de 30 anos de prática esportiva de rendimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *